Eu & Jim- Rodrigo Leonardi
Eu sempre o via, com um cabelo brilhoso, seu paletó abarrotado e sua cara de cansaço. Era obvio que isto não iria durar. Transitava entre o puro e o obsceno, como todos naquela época. Difícil de se engolir, estranhamente me despertava algo a mais.
Eu o acompanhei a vida inteira.
Aos prantos, ficava infido a espera de uma melhora em seu comportamento, pois, realmente não queria leva-lo. Queria deixa-lo mais um pouco. Queria que acontecesse algo a mais. Mas como toda grande estrela, não se pode viver por muito tempo. Aquele mesmo rabisco que um cometa deixara nos céus, em poucos segundos, fez com que soasse a vida dele.
O céu pertence as estrelas, disse Buddy Holly, antes de entrar no avião que o matou, minutos depois. Fato que, o céu em sua essência, literalmente pertence a elas.
Literalmente pertence a ele.
Apenas mais uns goles. Era o que mais eu ouvia em sua estranha vida.
Mais uns goles, mais um trago, sempre mais uma vez.
Aos ladroes que celebravam seus furtos em volta da fogueira, próximo as colinas,
aos lacaios inseguros que perambulavam pelas noites sem vida,
aos abutres que esperavam ansiosamente o cair dos corpos,
aos velhos índios que entravam em transe ingerindo seus chás,
aos grandes banquetes recheados de pato assado e vodca,
enfim, a todos aqueles que como ele, preferiam um banquete de amigos há uma família gigante.
O acompanho em seus excessos, em suas viagens, em sua irreverente e irrequieta vida.
Um lento desfile, para celebrar a morte.
Mais uma viagem, é a melhor parte, a parte que mais gosto.
Excessos, peyote, poesia...
Amarga, infiel, obscena.
Assim caminharei do seu lado esquerdo,
Que repentinamente nos levara ao intimo jovial...
Vamos beber!
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