Julgamento de Pecados- Luiz Amorim
Retrospectiva de vida acontece em ambiente religioso e com numerosos juízes, talvez ainda mais do que os presentes ao tempo em que se reporta os invocados factos por discussão. No passado de índole puramente adolescente, não seriam tantos por ali, mas agora para uma previsível condenação, muitos outros não quiseram faltar. Autora na posição de enfrentado julgamento, sente vergonha pelos outrora pecados cometidos, apontados a dedos, olhares e sentidos tantos acusatórios, como integrantes ao pleno somado dos considerados por sete, talvez mesmo oito capitais, encontra-se cada vez mais desconfortável, na culpa sentida de ter sempre essa por constante no seu feitio e nas acções maléficas para imensas pessoas inocentes, ainda por cima quando vivência escolar se fazia por abrigo dito religioso. Muito a tentaram ensinar, mas reconhece na sentida humildade do presente acto em julgamento que não foram sucedidos eles satisfatoriamente, reforçando em teoria improvisada que se continuasse a estudar por ali onde, sentada confessa e tudo admite, certamente seria ela vista novamente como pecadora. Invoca no imediato o perdão, assegurando que virou a face e seguinte página do seu diário viver, continuando a não perceber tanto rótulo de grande pecado feito que lhe colaram forte desde essa longínqua por religiosa formativa estadia. Apesar de pedir clemência, mantém dentro de si o sentimento de vergonha, revendo-se na imagem de assumir sempre a culpa, ainda que por vezes, sem total convicção. Os juízes de grandiosa fama dada à religião estão quase a chegar por esclarecidos entre si quanto a decisão soberana, no momento em que irrompe vulto de negro vestido integralmente e com elegante vistoso chapéu adornado, rindo e acenando ao estar mais que pronto a levar tamanha pecadora, pois é esse seu único dever, com ou sem bênção religiosa. Tentativa final de interceder com sucesso dos juízes admirados o bastante não surte qualquer efeito, pois rapidez de afamado justiceiro, assegura ele na vaidade como própria singular identidade, é demasiada a pretensão distinta, quer dos ainda estupefactos, em irmandade colectiva, tal como a ré na conformada ida de mãos dadas ao seu novo senhor.
Comentários
Postar um comentário