O Cheiro da Morte- Sarie Bulhões


 

"Tudo o que almejo nesta vida, é apenas poder levar uma vida normal”. Este era o pensamento que se passava em sua mente, enquanto seus olhos castanhos refletiam as chamas que ardiam à sua frente, destruindo todo o trabalho de uma vida. Desde jovem, nunca fora um homem de muitas ambições na vida, pretendia apenas seguir os passos de seu pai, trabalhar na fazenda da família, casar-se com uma boa esposa e ter uma família. Viver na paz do campo era o seu ideal de vida perfeita, longe dos tumultos da cidade, com o silêncio pacífico da natureza. E assim ele escolheu. 

Era apaixonado pelo amanhecer. Ouvir o galo cantar logo cedo, tomar um leite quente, um banho frio, Viver uma rotina na qual ele nunca sequer havia questionado suas escolhas faziam dele uma pessoa que, até então, sequer havia perguntado a si mesmo o sentido da vida, mesmo no auge de seus 42 anos. Ele tinha tudo planejado desde que se entendia por gente, seus planos nunca foram frustrados, a vida simplesmente fluía como o rio que podia ver de longe em sua janela. 

Mesmo quando ainda jovem, nunca se preocupou em se destacar muito, mesmo na escola. Não era o mais inteligente nem o mais desleixado. Não era introvertido de mais nem o mais palhaço da sala. Fazia suas aulas, tirava notas boas o suficiente para se graduar, e voltava para sua família para ajudar o pai nas tarefas da fazenda. Casou-se cedo com a filha do dono da fazenda vizinha, Luiza, que era quatro anos mais nova que ele. Herdou, assim como era esperado, a fazenda de seus pais. Tiveram dois filhos: Marcos e Diego. Do jeito que ele planejara pra si, assim era. Uma vida normal, calma, e sem surpresas.

 De qualquer forma, aquela paz havia começado a se tornar algo instável no momento após o nascimento de seu primeiro filho. Sua esposa havia entrado em uma depressão, não se alimentava bem e nem sentia ânimo para viver como antes, apesar de ter sido àquela criança tão planejada pelo casal, a mulher não conseguira se sentir conectada com o filho que acabara de gerir. Isso preocupava o homem, entretanto, ele tinha sua mente focada em um sonho: queria que suas terras passassem para o seu filho assim como foram herdadas de seu pai. Movido por tal desejo, era motivado a levar aquela criança consigo para o trabalho, vê-lo brincar nos campos, desenvolver o amor pela terra que Jorge já tinha, o que o levava a estar ainda mais engajado em seus planos para com aquela criança. Quanto à Luiza, ela o criou com atenção que pôde dar. Para Jorge e seu filho, havia uma distância que surgia sutilmente eles passavam o dia juntos e desenvolviam um companheirismo que a causava emoções nas quais ela não era capaz de compreender, quase como se desejasse que seu esposo nutrisse por aquela criança a mesma antipatia que a mesma possuía, e após o nascimento de Diego, parece que um muro se ergueu, vindo a segregar os membros daquela família como rivais.

 Para um filho, ela notavelmente dava um tratamento preferencial, inclusive, melhorando da doença que a atormentou pelos sete anos entre o nascimento de seus filhos. Tal situação era evidente para Jorge, e mesmo para Marcos, que aos seus doze anos de idade já tinha a percepção de rejeição da parte da sua mãe, embora ninguém falasse abertamente sobre isso, a paz existia pois não há conflito onde não há contato. Tal comportamento da parte de Luiza consistia em constantemente evitar ou até mesmo ignorar seu filho mais velho. Ela não lhe perguntava coisas como a escola, seus amiguinhos, nem mesmo se interessava em saber o que ele gostava ou deixava de gostar. Ainda sim, tamanha negligência ainda não era um motivo para rivalizar os irmãos. Marcos genuinamente possuía afeto e nutria um desejo de proteger seu pequeno irmão. Mas se existimos em um mundo onde as coisas boas são feitas para não durar, então a única certeza que se deve ter, é que o mal sempre vence.

 Esse era um daqueles dias nos quais podia-se sentir que a vida estava prestes a pregar uma peça para provar que uma vida tranquila é apenas um sonho que um homem poderia ter. Havia chovido, mas o dia ainda estava quente. Jorge estava sentado junto à varanda, com os botões da calça abertos para dar um descanso na barriga após um almoço merecido, ainda havia uma longa tarde de trabalho pela frente. Luiza fazia uma limonada para refrescar a família, as crianças jogavam bola na grama. O velho se levantou para mudar a estação da rádio. A música havia acabado, e agora tudo o que ele podia ouvir era a voz de um apresentador que conversava com convidados sobre algumas bobagens nas quais ele não estava disposto a prestar atenção. Pela reação de sua esposa, a conversa parecia boa. Ela dava algumas risadas pra algumas bobagens que eram ditas enquanto expremia limões em uma jarra de vidro, e o homem arqueara uma sobrancelha pensando em como aquela mulher idiota podia rir de qualquer coisa. Se levanta, vai até o rádio e o desliga, recebendo um olhar reprovador de sua esposa que vinha da cozinha com uma bandeja com uma jarra de suco e copos para a família. Eles se olham de uma forma que seria perceptível para outra pessoa que prestasse atenção na dinâmica daquele casal poderia notar que ambos atualmente já chegavam a parecer mais estranhos que estavam acostumados a conviver. E abruptamente, uma sequência de sons mudam o curso daquele dia: uma buzina de um caminhão rompe a guerra silenciosa entre ambos os olhares daqueles dois. Um grito estridente de horror, vindo de uma voz familiar direcionou os olhares na direção para fora da casa, o som metálico da bandeja espatifando com a garrafa e os copos no chão, espalhando cacos de vidro para todo lado, que chegam até mesmo a ferir as pernas da mulher que os derrubou. O garoto mais velho estava ainda abaixado, mas imóvel, com os olhos marejados de imediato, em choque pela que acabara de presenciar. Aqueles olhos haviam sido os únicos que realmente viram tudo, foram seus lábios que deram o aviso do horror que acabara de acontecer. 

De imediato, eles corram para a estrada, encontrando o corpo ensanguentado da criança de cinco anos no chão, com a cabeça aberta e parte de sua massa encefálica espalhada pelo asfalto da estrada. Fora com muito pesar que a família carregou o pequeno caixão branco em direção ao cemitério. Ele só tinha cinco anos, e era o bebê de sua mãe. Todos estavam desolados, e com o tempo as coisas não melhoraram.

 A depressão de Luiza havia voltado, e eventualmente estava ainda pior. Ela nem mesmo levantava mais da cama mais por meses nem falava com ninguém, e quando levantou, ela já não era mais a mesma. Mal dirigia a palavra ao seu marido, e seu filho mais velho era constantemente culpado pela morte de seu irmão. Costumava dizer que ele deveria ter protegido seu irmão, chegando até mesmo a dizer que era para ter sido ele no lugar do menor. Apesar de Marcos estar acostumado com a diferença que ela os tratava, agora a situação se tornara muito pior, e o próprio Jorge se preocupava com aquele comportamento. Ela já não fazia mais suas tarefas de casa, negligenciando suas responsabilidades para com a sua família, e por mais que Jorge insistisse para que ela arranjasse ajuda. Ela permaneceu assim por meses, chegava a adoecer por parar de cuidar de si mesma, e seu marido já não podia ajuda-la, pois caso parasse de se dedicar a seu trabalho, as contas iriam se acumular aos poucos de modo que eles não poderiam mais se estabilizar. Acima de tudo, para ele, era importante manter o ritmo, mesmo que as coisas não estivessem do jeito como ele queria. 

Por um tempo, aquele comportamento chegou a incomodar Luiza profundamente. No meio de tantas discussões, ela questionava o marido como era possível lidar com tamanha frieza àquela situação, e o homem só se perguntava como ele deveria estar agindo naquela situação. Sua vida não parou nem por um segundo, para que a dela pudesse estagnar enquanto ela convivia com o sofrimento iminente daquela situação. Muitas coisas se passavam na cabeça daquele velho homem cansado, e por mais que tentasse pensar muito e refletir a respeito disso, tudo o que ele conseguia concluir, é que sua vida não podia parar. Se ele seguisse no ritmo, tinha esperanças que ela eventualmente o acompanhasse, que se erguesse e voltasse ao normal algum dia. Tudo o que ele queria era se agarrar ao que sobrou, para não perder de alcançar um dia seu sonho. Diego se fora, mas Marcos ainda estava ali. Ele ainda tinha um futuro pela frente, e precisava do apoio de sua família para seguir. Uma hora, Luiza também iria enxergar isso. Se Jorge se mantivesse no ritmo, uma hora ela iria alcança-lo. Com o passar dos meses, ele passou a ter motivos para acreditar que esse momento já estava se aproximando.

 Foi quando a mulher passou a gastar a maior parte de seu tempo na cidade. No começo, ela havia se disposto à ir para a terapia, e começou a sair da fazenda com frequência na semana, mesmo sem ânimos, ela persistiu por um tempo, apesar de que em algum momento, seu psicólogo havia entrado em contato com seu marido para informar que ela não estava mais presente nas sessões. Tal atitude foi – no mínimo – muito suspeita, mas como as coisas começaram a melhorar, ela volta para casa radiante, parecia empolgada, quase como se tivesse ouvido uma grande notícia, como se tivesse um segredo bom. Depois de manter a curiosidade por alguns dias, chegou uma hora que já não era mais possível protelar.

 – Seu terapeuta me informou que você não está mais indo às sessões. No entanto, você ainda sai toda semana, passa muito tempo na cidade. 

Apesar de estar sendo pega de surpresa, a reação da mulher não foi das piores. Ela o olhou nos olhos, parecia genuinamente feliz. – Eu fiz uma amiga, meu amor. – Ela respondeu. – Vamos resolver tudo isso, nossa família vai voltar a ser feliz. Apesar de estranhar essa mudança repentina no comportamento da esposa, os homens daquela casa ficaram felizes de ela estar com uma atitude positiva. Já faziam seis meses desde que o pequeno Diego se foi. Todos haviam estado profundamente abalados pela dor do luto, porém, era ainda mais doloroso ver como o psicológico daquela mãe se deteriorava, como se fosse aos poucos consumida por um monstro invisível que tomava seu lugar. Mas agora, ela parecia um pouco com a bela mulher que fora até aquele fatídico dia. 

Olga era uma senhora gordinha de cabelos levemente grisalhos e sorriso simpático. De primeira as mulheres simpatizaram e ficaram horas conversando, o que levou a Luiza perder suas obrigações naquele dia, mas a mesma não se importou. Elas tomaram café, conversaram e a mesma iluminou os pensamentos de Luiza de modo que ela havia se transformado. Ela lhe mostrara toda uma esperança na qual Luiza procurava. Falavam sobre a vida, a morte, e a vida após a morte. Ambas compartilhavam crenças e eventualmente, Olga também apresentou a Luiza aqueles que a levaram a essas crenças, fazendo com que ela viesse a frequentar os encontros deste grupo, se tornando um membro ativo daquela comunidade. Embora seu marido achasse estranho e não conhecesse o ambiente que sua esposa estava frequentando, só de saber que suas novas amizade haviam trazido um pouco de conforto para a esposa, isso também o fez se sentir confortável com a situação. 

Logo elas começaram a sair juntas todos os sábados. Olga vinha à fazenda da família busca-la no fim da tarde, e à trazia tarde da noite. Elas chegavam animadas e conversavam sozinhas por mais algumas horas antes de ir. Jorge não entendia o que elas falavam, de alguma forma, mesmo quando podia ouvir suas conversas, tinha uma estranha impressão que não conseguia discernir a conversa que elas falavam, parecia que quando as ouvia, as palavras perdiam o significado em sua mente, mesmo que dedicasse sua atenção, simplesmente não era capaz de entender a conversa; mas como sua esposa parecia bem, ele não se importou. Na verdade, haviam muitos comportamentos estranhos nos quais a mulher havia adotado depois dessa mudança. Ela havia trancado o quarto de Diego e não deixava que ninguém entrasse lá, colocou tábuas de madeira nas janelas de modo que ninguém podia ver o que havia ali dentro também. Ficava dentro do mesmo por horas, e podia-se sentir um cheiro estranho vindo de dentro, que mais parecia o cheiro de velas, incenso e alguma coisa não cheirava bem também. Algo no fundo da sua mente lhe dizia “este é o cheiro da morte”, entretanto, uma vez que sua esposa parecia bem novamente, ele optou por não questionar nada no momento. 

Quanto mais o tempo passava, mais Jorge se preocupava com as estranhezas da mesma, mas tinha medo de questiona-la, principalmente porque ela parecia progredir muito, então o homem tentava ter uma atitude positiva e apoia-la. Se essa forma é como ela encontrou de superar a dor que havia em seu peito, então ele iria sempre apoia-la. Ela até chegou a compartilhar um pouco de seus segredos: estava frequentando uma igreja, na qual ela o convidou para suas reuniões e ele até mesmo participou de algumas poucas, mas ele nunca fora um homem religioso e muito menos estava disposto a acreditar nas palavras ditas pelo líder daquela organização, de modo que nem mesmo prestava atenção, apenas concordava com o que quer que estivesse sendo dito ali. Jorge não se importava em acreditar em céu ou inferno nem mesmo sobre vida após a morte. Sua crença era acreditar em si mesmo, em seu suor, em seus objetivos de alcançar aquilo que queria aqui e agora, e não importava o lugar que iria depois de morrer. 

A dor o acordou. Seu corpo parecia pesado, quase como após uma noite de bebedeira, embora a memória de ter bebido anteriormente não estivesse vindo. Na verdade, estava tendo dificuldade de lembrar-se do que estava fazendo algum momento antes, como se sua mente estivesse tão confusa, que acessar suas memórias fosse impossível no momento. Então ele tentou voltar-se para entender aquele momento presente. 

Seu corpo começava a captar as informações ao seu redor. Estava deitado no chão de madeira, podia sentir o incômodo da rigidez em suas costas. E o calor. Seus olhos percebiam a iluminação trêmula do ambiente, sombras caminhavam ao seu redor, e pelo visto era noite, pois ao seu redor as trevas consumiam o ambiente. Parecia a noite mais escura já vista por aquele homem, se não fossem por aquilo que ele notava serem algumas velas acesas ao seu redor, seus ouvidos pareciam não captar o som, sua cabeça doía e fazia parecer que os sons estivessem muito distantes, quase como se ele estivesse em baixo da água, tudo era longe e vago. 

Ele se mexeu, tentou voltar à realidade mas parecia paralisado pela tontura e náusea que dominavam seu corpo. A dor lhe fez levar a mão à sua cabeça, percebendo que algo líquido escorria por sua testa. Quando seus dedos tocaram o denso líquido em sua face, a dor foi ativada. 

Viu uma figura aproximar-se de si. Abaixando-se para o encontro dele, ele notou certa familiaridade no rosto, demorando aos poucos para notar, na pouca iluminação do ambiente o rosto de sua esposa, que lhe sorria com ternura e lágrimas nos olhos. 

– Shh... Não se preocupe. Tudo ficará bem, descanse... – Ela levou seus dedos até os lábios trêmulos do marido, a mente dele girou. Era difícil manter seus olhos abertos, ele usava todas as suas forças para lutar contra um sono fora do normal. – Ele vai voltar agora... 

Respirando fundo, ele virou sua cabeça para o lado, ainda tentando discernir todas as informações ao seu redor. Haviam outras pessoas fazendo coisas, falando coisas no escuro, o cheiro das velas derretendo se misturavam com um cheiro de morte que era estranhamente familiar, algo que já havia sentido nos últimos meses vindo do quarto que um dia pertencera ao seu filho. Sua memória o trouxe para o cheiro ruim que sentira vindo do quarto do seu filho. Antes sequer havia dado nenhuma importância desde que Luiza parecia bem, mas agora, ele estava certo da origem daquela podridão que lhe incomodava nos poucos momentos que estava em casa. Aquele era o cheiro da morte. 

Ele tentou se mexer em vão. Conforme sua mente se estabilizava, ele percebia as vozes cantando ao seu redor, mas não podia entendê-las. Era como a visita que fez uma vez à igreja que a esposa frequentava, palavras que não faziam sentido, mas que agora percebia que talvez, algo lhe dizia “estas palavras não são para você”. Virando a cabeça com certa dificuldade, ignorou a dor para entender melhor o ambiente ao seu redor, não muito distante, ao seu lado, havia um outro corpo ao seu lado. Um corpo um pouco menor que o seu, cujo rosto mal podia se enxergar na penumbra. Seus olhos perceberam uma das figuras no escuro se aproximarem do corpo, cravando em seu pescoço uma adaga, e apesar do ataque, o corpo não teve muita resistência, se mexendo um pouco em agonia à dor e a falta de ar, e logo desfaleceu de vez, o rosto caiu para o lado onde estava Jorge, revelando assim a face de Marcos. 

Foi o estímulo que faltava para fazer aquele homem arregalar seus olhos injetados pela adrenalina, que levantou-se subitamente em choque pelo que acabara de ver. Diante do corpo sem vida de seu filho mais velho, ele viu as luzes tremularem para revelar novamente o rosto de sua esposa. Ela sorria e cantava, havia sangue espirrado por seu rosto, mas a expressão em seu olhar era algo que Jorge nunca conhecera antes. Algumas pessoas se aproximaram dele, tentando acalmá-lo, e conforme ele tentava se livrar das muitas mãos a lhe conter, ele viu que do seu outro lado repousava um outro corpo ainda menor que o de Marcos, no qual era impossível de reconhecer pelo seu avançado estado de decomposição. Mas ele sabia... Era tão óbvio que não necessitou de muito esforço para chegar àquela conclusão, era dali que vinha o inconfundível cheiro da morte. Ele gaguejou o nome da criança, agora com as lágrimas inundando sua face. Sequer sabia o que pensar, muito menos como agir naquela determinada situação. Então Luiza se aproximou dele novamente, suas mãos seguravam a faca ensanguentada que desferira do próprio filho, seus lábios sussurravam a canção que todos ao seu redor cantavam. Ela se abaixou, olhando-o nos olhos, enquanto suas mãos se erguiam acima da cabeça, reproduzindo o gesto, dessa vez sob o peito de Jorge, que esquivou em alerta, levando a adaga a perfurar seu peito, logo abaixo da clavícula. Ele gritou de dor. 

Agora a adrenalina dominara seu corpo por completo. Ele usou o que restara das suas forças para livrar-se das mãos que o continham, usando o choque para sair dali o mais rápido que pôde. Ele cambaleava, percebendo que estava na sala de sua casa, e saindo para fora daquele lugar, usou o que restavam de suas energias para chegar ao lado de fora ainda com vida. Seus pés pararam alguns metros fora de casa, caindo no chão de joelhos, ele respirava com dificuldade devido à ferida em seu peito. Levando suas mãos à região da dor, ele olhava as luzes da casa se intensificarem repentinamente, junto do calor. Um brilho forte vinha de dentro para fora, revelando aos poucos as chamas que destruíam aquilo que um dia ele chamou de lar. 

Daquele momento em diante, Jorge já não tinha mais sonhos, nem esperanças, e sua vida inteira fora queimada junto de sua casa na fazenda. Tudo que lhe sobrou foram o salão de ferragens, e um grande rancor pela organização que tirara de si o que restou de sua família. "Tudo o que almejei nesta vida, era apenas poder levar uma vida normal”. Este era o pensamento que se passava em sua mente, enquanto seus olhos castanhos refletiam as chamas que ardiam à sua frente, consumindo todo o trabalho de uma vida. Ali queimava o trabalho de seus antepassados, e todo o esforço que empregara para construir para o futuro.

Comentários

  1. Seria melhor se o texto fosse "justificado" e que houvesse um espaçamento de "1,5" ou de "1,25" entre as linhas, bem como pusessem as "entradas de parágrafo". Deixo como sugestão para melhorar visualmente a página para o leitor.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas