Diärios de Necrotério- Premonições
Passava das três da manhã quando estava no meu horário de descanso. Sai para fora para tomar um vento, estava calor essa noite. Era minha primeira semana trabalhando no Instituto Médico Legal. Demorei a conseguir esse emprego. Tanto queria, me esforcei ao máximo e passei em todos os testes obrigatórios para se ter essa profissão. Ia lavar os defuntos, auxiliava nas autopsias, gostava do que fazia. Não me sentia nem um pouco com medo ou receio de um dos cadáveres virar a cabeça e me dar um boa noite de surpresa.
Pensara comigo que esses lugares tinham algo místico... aliás, se fosse rolar algo estranho, com certeza seria nesse lugar, onde chegam mortos de todas as formas... acidentes, suicídios e tudo o quanto é forma que se possa imaginar. Queria ter o contato com os cadáveres, já que isso me fascinava, sempre fascinou.
Nessa primeira semana, conheci as mulheres que trabalhavam lá há um tempo. Mulheres que faziam a faxina na parte da noite. Conversando com elas, me disseram algo que não acreditei de cara. Achei muito supersticioso e algo como contos da carochinha. Ainda estava na minha hora de descanso, pro lado de fora, onde se tinha algumas macas vazias e um bebedouro.
Elas me disseram que toda vez que vai chegar um corpo, existe uma espécie de premonição. O cheiro de sangue. Todos sentem o cheiro de sangue, poucas horas de um corpo chegar.
Mal dei atenção, pois o cheiro de sangue e cheiro de ``morte`` é algo natural nesses lugares. Porém, elas afirmaram que o cheiro vinha e entrava em suas narinas, percebendo o exalo mais que o normal. Identificando fortemente.
Passando algumas semanas, pude ter essa prova. O cheiro de sangue veio forte, além do que já existira por ali. Foi essa vez em que parei para prestar atenção. Fazia dias que não chegava um corpo. Pensei que se chegasse algo, tal lenda se justificaria.
Cai no sono, um breve cochilo de alguns minutos quando o rabecão chega com um corpo. Um jovem que tinha se acidentado... bem jovem.
Lembrei da história das faxineiras. Não podia acreditar que fora real.
Desde então, percebo que toda vez que esse cheiro forte de sangue vem, chega algum cadáver horas depois. Até hoje não teve nenhuma exceção.
Me acostumando com isso, pois como todo trabalho, ou você se acostuma, ou cai fora, certo dia me aconteceu algo inusitado.
Na verdade, o mesmo conceito do cheiro de sangue.
Estava a caminho do trabalho quando senti um cheiro de queimado horrível. Muito forte. Mas não me dei conta, apenas senti esse cheiro e também não lembrei da premonição dessas essências.
Como se tudo estivesse normal, não dei muita atenção.
Cheguei ao trabalho, troquei de roupa. Estava agitado aquele dia. Bati meu ponto e fui para a sala de autopsia.
Chegando lá, me deparei com um corpo carbonizado que acabara de chegar. Me lembro da história das faxineiras, sobre o cheiro de sangue, me lembro que já tive provas sobre aquela premonição. Agora percebo que senti o cheiro de queimado, premunindo o que estaria para chegar... um corpo... carbonizado.
Desde então, comecei a prestar mais atenção nessas essências que rondam por aqui.
Essa noite, o cheiro que senti foi de esperma....
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