Do Escuro Entre as Estrelas- Alexander Ribeiro
O calor da floresta castigava o seu corpo, que suava em bicas. Mas Glauco já estava acostumado. Há quatro meses ele vinha passando noites explorando aquela região da mata, sempre acompanhado do velho rifle, que tinha sido de seu pai. Sempre a espreita, a procura de qualquer som suspeito, qualquer cheiro estranho, que indicasse a proximidade da criatura que povoava suas piores lembranças. Lembranças recheadas de sangue e desespero... as lembranças do assassinato de seu único filho por um ser terrível, que parecia ter fugido do seu pior pesadelo.
Tudo aconteceu num dia ensolarado, há exatos 5 meses. Ele, que vinha há dois anos ensinando o filho a caçar e a sobreviver na floresta, tinha resolvido tentar achar alguma paca por ali, para assar com batatas no almoço do dia seguinte. O pequeno Kaíque, com seus doze anos recém-completados, era sedento por aventuras, e como não poderia deixar de ser, estava bastante empolgado com a caça do dia.
Caminhando sorrateiramente, os dois avistaram uma paca há cerca de 12 metros. Glauco sinalizou para o filho que estava ao lado dele, fazer silêncio e se agachar. Quando se abaixaram, o pai mexeu com a cabeça, indicando que seu pupilo deveria dar o tiro que ia ceifar a vida do pobre animal. O menino, então, bastante empolgado com a possibilidade, pegou o rifle do pai, encostou a coronha no ombro, virou a cabeça na diagonal, encostando a têmpora na alavanca do ferrolho, para poder colocar o olho na alça de mira. Com o alvo enquadrado, de repente lhe bateu uma dúvida: deveria matar tal ser, que lhe parecia tão indefeso ? Mas logo depois pensou que não queria decepcionar seu pai, queria que ele o visse como um homem. Sentiu um frio na barriga, e uma gota de suor escorreu por sua testa... era a ansiedade decorrente da primeira vez... sentia em seu âmago que aquele era um momento de ruptura completa com a inocência da infância. Sentindo a hesitação do filho, Glauco sussurrou: “Vamos,atire” Kaique atirou, e acertou em cheio na cabeça do bicho, que caiu no chão, morto. Tirou o olho da mira, e levantou a cabeça. Daquela distância, só dava pra ver o sangue respingado nas folhas. Glauco abriu um sorriso e disse: “Belo tiro” Glauco foi correndo ate o lugar em que o corpo da paca estava e Kaíque foi atrás dele com um certo receio do que iria ver. Ao chegar, o menino topou com a imagem do animal deitado de lado, com os olhos abertos e a cabeça estourada. Se sentiu mal com a visão, e vomitou. Vomitava não só por asco, mas porque a ideia de que havia tirado a vida de um ser vivo também lhe revirava as tripas. Glauco, diante da situação, riu, e falou: “Calma garoto hahaha “ lhe dava tapinhas nas costas “ com o tempo, isso aqui vai ser normal pra você... na primeira vez em que matei uma paca eu tremia feito vara verde.” Em silêncio, ele se lembrou q seu pai, quando viu q ele tremia, lhe deu um tapa na cara, lhe pegou pelo colarinho e disse “pára de tremer porque eu não criei filho frouxo !”. Apesar de entender q foi a forma de seu pai ensiná-lo a ser forte, ele não faria o mesmo com o filho, pois havia se sentido humilhado na ocasião.
Glauco ficou olhando para as folhas sujas de sangue e deu um sorriso discreto, pensando em como estava orgulhoso do filho. Mas em seguida foi tomado por melancolia, quando pensou que seu garoto estava crescendo, e que um dia ele iria seguir sua vida e ele não poderia protegê-lo mais. Desde que Elza, sua esposa, morreu de câncer, quando Kaique tinha 5 anos, que Glauco se dedicou 24 horas por dia ao filho, e os dois ficaram muito unidos. Para Glauco a idéia de que não poderia cuidar ou proteger seu filho um dia, era dolorosa e difícil de aceitar.
Abandonando os pensamentos sobre o futuro, o pai tirou um pedaço de cipó do bolso, e divi-diu em duas partes : com o primeiro, uniu as duas patas dianteiras, num nó, e com o outro, fez a mesma coisa com as patas traseiras.
- Pegue aqui – disse para o filho, apontando para as patas traseiras, enquanto já segurava as dianteiras. Quando Kaíque ia pegar, eles ouviram o barulho de algo grande se mexendo atrás de algumas árvores, que se balançavam há uns 10 metros deles. Kaíque olhou pra Glauco assustado. Glauco, imediatamente, puxou o rifle da mão do filho, o engatilhou e apontou na direção do barulho, e sinalizou para o filho ficar em silêncio. De repente, tudo ficou quieto: não se ouvia o canto dos pássaros ou de uma cigarra. Glauco esperou ali, na mesma posição, durante alguns segundos. Eis que outra movimentação ocorreu, agora em algumas árvores mais próximas, e Glauco apontou com o dedo pra trás, para que eles retornassem, porém, lentamente. Era a melhor escolha, pois ele não sabia com o que estava lidando ali.
Então, Kaíque foi voltando primeiro, e Glauco atrás dele, segurando a arma, para dar cobertura pro filho, caso fosse necessário. Novamente outras àrvores balançaram e em seguida veio um breve rosnado, que gelou o sangue dos dois. O som, não parecia com o de nenhum animal conhecido, e era profundamente assustador.
Eles continuavam a recuar, e de repente ouviram outro barulho das árvores se mexendo, agora com maior intensidade, e eis que de repente, um vulto enorme sai do espaço entre as arvores e dá um salto que cobre pelo menos 4 metros na diagonal, caindo exatamente no local onde estava a paca. É nesse momento, que Glauco e Kaíque conseguem ver o ser em toda a sua plenitude.
Parecia um homem, todo coberto de pêlos cinza, e tinha pelo menos três metros de altura. De onde eles estavam eles o viam de lado, o que evidenciava a sua mão, com garras amarelas, pontiagudas e longas. Apavorados, os dois se agacharam atrás de uma moita e tremiam de medo. De repente, o ser pegou a paca em suas mãos e a colocou na direção da sua barriga. Em seguida, eles ouviram outro rosnado assustador e de súbito, um som de mastigação, enquanto que sangue respingava do animal morto. De alguma forma, a criatura estava devorando a paca com a sua barriga, o que fez com que Glauco imediatamente se lembrasse das histórias que sua avó contava quando ele era criança ...
Nesse momento, Kaíque, assustado, e nervoso, acabou vomitando de novo, e com o som do vômito, a criatura virou-se e olhou pra eles. Foi então que Glauco teve a certeza que as his-tórias da sua avó eram verdadeiras. Agora, vendo a criatura por inteiro, era possível ver uma boca cheia de dentes pontiagudos cheios de sangue na sua barriga. A boca ocupava toda a extensão do seu abdômen acima do seu umbigo. Era uma visão perturbadora. Dos lábios da grande boca escorria baba misturada com sangue, molhando e manchando os pelos acinzentados que cobriam todo o resto do seu corpo. Na sua cabeça, só havia um focinho que lembrava o de um rinoceronte só que menor, e acima deste, só um olho, vermelho como sangue, que deixavam os pêlos da nuca de Glauco eriçados, e que deixava os lábios de seu filho brancos de tanto medo. Não havia dúvida, aquela era a fera assustadora que povoou os sonhos de Glauco quando ele era criança, o Mapinguari... a criatura que fez com que ele tivesse medo de entrar na mata, até os 10 anos de idade. O que, em sua fase adulta, ele acreditou, que era apenas uma historia boba de sua avó e da região, não era ... era terrivelmente real.
Apesar de apavorado, ele precisava fazer alguma coisa, pois a coisa sabia da presença deles ali, então, agachado mesmo, Glauco levantou sua arma, mirou na cabeça da criatura, e apertou o gatilho. O ser virou a sua cabeça bruscamente para a direita quando atingido, e a sua boca abdominal se abriu em um grito de agonia, deixando-a ainda maior e mais assustadora. Não restava dúvida, o tiro tinha acertado apenas de raspão. Ele então atirou de novo, mas agora o monstro, astutamente, pulou para a sua esquerda, se desviando do disparo. Glauco disparou mais uma vez, mas dessa vez, a criatura deu um salto, que cobriu uma grande distância, e ia cair onde eles estavam. Rapidamente, Glauco gritou para o filho :
“Coooorrre, agora !!!”
Kaíque saiu disparado na frente, e Glauco logo atrás. Eles sentiram o impacto no chão, quando a criatura aterrizou, e ouviram um feroz e macabro rosnado. Mal botou seus pés no chão, ele deu outro salto menor e alcançou Glauco, envolvendo sua cabeça com a sua mão, e içando-o no ar. Como apertava com força, Glauco gritou e Kaíque parou e olhou pra trás. O pai, temendo pela vida de seu filho, gritou :
“Continue correndo e não pare”
Mas Kaíque continuou parado lá, olhando. De repente a criatura girou a mão, virando a cabeça de Glauco para si, e deixando-a uns 30 centímetros de sua cara. Glauco, olhou dentro do único olho do ser, e parecia que estava olhando para todos os seus piores pesadelos sintetizados num só, de tão perturbadora que era a experiência.
De repente, um rosnado, o mais alto ate ali, ressoou por toda a floresta, e os pássaros saíram voando em direção ao céu. Glauco sentiu pavor como nunca havia sentido em toda a sua vida e acabou urinando nas calças. Então, ele olhou para baixo e a boca estava aberta para recebê-lo. Havia duas fileiras de dentes pontiagudos e de repente, uma língua bifurcada como a de uma cobra saiu de dentro da boca. E lambeu a perna de Glauco sobre a calça jeans. De repente, o monstro foi baixando a mão, ate colocar o rosto de Glauco na frente da grande boca. Glauco gritou, enquanto a mão o aproximava cada vez mais da boca. Eis que de repente, um novo disparo ressoou na floresta, e a criatura, deu um rosnado, enquanto se contorcia, e largou o veterano caçador, que foi ao chão. Ao cair no chão, ele olhou e viu Kaíque segurando o rifle, que havia deixado cair no chão quando o ser o pegou. Ele novamente mandou Kaíque correr, enquanto notou que o monstro sangrava do lado direito na altura das costelas. Seu filho então, largou o rifle e começou a correr, entretanto, a criatura, deu um pequeno salto em sua direção e levantou-o pela parte de trás da camisa. Glauco gritou:
- Nããããoooo !!!
Glauco levantou e se jogou na direção do rifle, mas quando tentou dispará-lo, não tinha mais balas . Então ele viu a coisa colocando o rosto de seu filho diante da boca, que abria, salivando diante da refeição. Kaique gritou. Seu pai, levantou-se, pegou a arma pelo cabo, a inverteu, e acertou a coronha na altura da coxa do monstro, que o olhou furioso e com a mão direita, deu um tapa em seu rosto com toda a força. Ele caiu ao chão um pouco atordoado e ouviu um grito de agonia do filho e quando olhou, viu a realidade perturbadora e inevitável : seu menino tinha começado a ser devorado. Ele paralisou e sentiu seu sangue gelar. A boca devorava o rosto de Kaique, em seguida, o crânio, até que não sobrou nada de sua cabeça. O desespero tomou conta do pai, que assistia a tudo, paralisado, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto. Viu a boca devorar o tronco do menino, após a cabeça. Quando só sobrava um resto com membros, a coisa estava satisfeita e largou o que sobrava no chão, como um trapo velho. Glauco viu a cena e deu um grito desesperado. Em seguida, olhou para o ser, que o olhou de volta nos olhos, virou as costas e foi embora pela floresta. Parecia que já havia matado sua fome.
Ele ficou ali no mato, em estado de choque, praticamente paralisado na mesma posição, durante mais de 3 horas. Depois, se levantou e foi arrastando o que sobrou do filho ate a sua casa. Chegando la, enterrou o garoto no quintal, da casa isolada. Fez uma cruz com alguns galhos e colocou sobre o túmulo improvisado. Ele se agachou e chorou sem parar. Chorou como se toda a água do seu corpo fosse sair pelas lágrimas. Pensava que nunca iria ver seu filho crescer, se casar, nunca teria netos ... era uma dor que não podia ser descrita com palavras... foi então que lembrou do olhar da criatura antes de ir embora, e pensou “ele me deixou vivo para sofrer “
Os dias seguintes foram terríveis. Ele tentava retomar a vida, mas não conseguia ... só o que sentia era vazio e solidão. Também não ajudava o fato da sua casa ficar distante de tudo e praticamente dentro da mata. Assim não tinha contato com outras pessoas e o isolamento começou a afetar sua sanidade. Começou a ter delírios, vendo sua falecida mulher apodrecen-do, com vermes comendo sua carne, e segurando seu filho morto no colo, vestindo uma bata branca. Ela o culpava pelo destino de Kaique, o q o desesperava mais e mais ... por vezes, ele tentou dar um tiro na cabeça, mas nunca teve coragem para apertar o gatilho. Ate que um dia, resolveu vencer o pavor que tinha daquele ser maldito, e caça-lo para vingar seu filho . E se ele morresse no processo, tudo bem, uma vez que viver já não fazia mais muito sentido.
Então passaram-se 4 meses de incursões pela mata ... uma vez chegou a ficar três semanas dentro da floresta ... se alimentando de qualquer bicho que aparecesse, e bebendo água de cipós. E em todo aquele tempo nenhum sinal da estranha criatura, a não ser algumas pegadas que não levaram a lugar algum. Desta última vez, ele estava decidido até mesmo a ficar mais de um mês la dentro ... todo o tempo que fosse necessário, até cumprir com o seu destino.
Já tinha se passado uma semana e meia e ele estava cansado. Foram dias de caminhadas incessantes em vão. Então ele se encostou numa árvore para descansar um pouco e acabou adormecendo. Quando despertou já era noite, e estava na escuridão quase completa, pois ali a mata era fechada, e a luz do luar pouco entrava. Um vento frio vinha da direção do Rio e batia nas arvores resultando num som de uivo. Eis que ele então, ouviu um rosnado distante, q lhe parecia familiar. Imediatamente, sentiu um frio na espinha e um arrepio na nuca. Mesmo com muito medo, ele pegou o rifle que estava encostado na árvore, acendeu a sua lanterna e foi correndo na direção do rosnado. Quando achou uma pedra de uns 50 cm de altura, se arriou atrás dela, pegou o rifle e o estendeu em cima, enquanto usava a lanterna para procurar a criatura. Ele direcionava o feixe de luz em todas as direções, e não havia nada. Eis que de repente, ele viu umas arvores balançando e de trás dela saiu a criatura, e logo que topou com o feixe de luz da lanterna, virou o rosto, e Glauco sentiu o sangue gelar quando viu o único olho vermelho da criatura encará-lo. De repente os flashs do seu filho sendo devorado invadiram seu cérebro, e ele sentiu o ódio cegar sua mente. Nesse segundo a criatura levantou a mão para tapar o feixe de luz. Com um rosnado baixo, demonstrava o incômodo. Foi então que Glauco pensou rápido e deu um tiro preciso, que acertou a palma de sua mão, a ultrapassou e acertou seu olho, fazendo com que o ser enorme caísse pra trás, se debatendo e gritando num misto de grito e rosnado, um som realmente macabro, q parecia vir do próprio inferno. De onde estava, Glauco podia ver a boca abdominal aberta, gritando. No seu campo de visão, o que era mais visível era o céu da boca arroxeado. Então engatilhou e acertou outro tiro, desta vez naquela região, um pouco acima das presas afiadas. O bicho começou a gritar como um porco durante o abate, porém um que além de agonizar, estava furioso. Glauco , então tomou coragem, pendurou a arma no ombro direito, sacou a faca de caça da cintura e foi correndo até a criatura, disposto a terminar o serviço. Quando chegou ,segurou a faca com as duas mãos, e a enterrou no coração, soltando um grito de ódio. O corpo tremeu e depois a criatura começou a gemer baixinho. Ele começou a desferir facadas sem parar na região do Tórax , enquanto berrava e chorava como um animal ensandecido. Depois de 11 facadas, o monstro definitivamente estava morto e não emitia nenhum som. Mas ele continuou golpeando e só parou quando não tinha mais energias em seu corpo. Então ele se jogou para trás com os braços abertos, se sentindo aliviado. Chorava , pois agora tudo tinha acabado e ele podia tentar retomar sua vida , mesmo que o vazio pela ausência do filho nunca fosse preenchido.
Mas eis que ele ouviu outro barulho atrás de uma arvore ao longe. Assustado, levantou o tronco e usando a lanterna, olhou na direção. Não viu nada, até que do meio das arvores saiu um vulto gigante, e saltou, aterrissando exatamente na frente da criatura morta. Era inacreditável, mas o ser que havia acabado de matar não era único... havia outro, exatamente igual a ele. Apavorado com a visão e chocado com a descoberta, Glauco murmurou :
“ nããããooo ...”
O ser estava parado, observando o semelhante morto... seriam irmãos ?pai e filho ? Impossível saber. Glauco ia andando pra trás sorrateiramente... tirou a armado ombro e se preparava para atirar, mas eis que algo atrás dele, tirou a arma de sua mão. Quando ele olhou pra trás, havia outro. Então o terror se apossou dele, que ficou branco e começou a tremer em suas pernas. O monstro pegou o rifle e enfiou o cano na bocarra abdominal, que o arrancou na mordida, depois cuspindo-o na barriga de Glauco, que recuou com a pancada. Ele então foi fortemente atingido na cabeça e caiu no chão tonto. A imagem do ser a sua frente começou a girar e ele desmaiou.
Ele abriu os olhos quando os raios de sol bateram em seu rosto. Tonto, via um emaranhado verde fora de foco a sua frente. Ele então fechou os olhos e abriu de novo e agora conseguia ver melhor as arvores da floresta. Piscou os olhos mais uma vez e agora enxergava com clareza. Estava na mata e o dia estava raiando. Ele olhou pra frente e viu que uma das duas criaturas o arrastava segurando pelas pernas, enquanto a outra, andava lado a lado com ela. Pensava que diabo estava acontecendo, e porque os dois monstros ainda não tinham lhe devorado como haviam feito com seu filho. Pensou: “cadê minha arma ?” e lembrou que a criatura a havia quebrado com a boca. Lembrou da faca e passou a mão no coldre e ela não estava lá, e se recordou que a havia largado no chão após ter esfaqueado a criatura que matou. Ou seja, ele não tinha como escapar daquela situação, uma vez que não poderia enfrentar dois monstros com as mãos nuas. Sentiu medo, mas pensou que por mais terrível que fosse o sofrimento, logo estaria com seu filho.
De repente estranhou que as criaturas entraram por um caminho coberto de musgo sobre as árvores, musgo aquele que ele nunca havia visto igual. Foi então que percebeu que devia estar na parte inexplorada da floresta... a parte desconhecida. O caminho começava a ficar íngreme agora e eles começaram a descer... então ele olhou pra uma árvore e viu um lagarto enorme, do tamanho de uma criança de 3 anos, algo que o deixou perplexo. Havia sapos de quase um metro ... aquele lugar era tão assustador quanto fascinante.
Eles continuaram a descer, e eis que o caminho foi se alargando e chegaram num local onde havia poucas árvores e no chão haviam vários buracos. O ser que o carregava então, jogou-o no chão a sua frente e emitiu um som agudo pela boca e de repente, varias criaturas semelhantes começaram a sair dos buracos. Eram no mínimo vinte ... Glauco agora tinha certeza que seu destino estava traçado.
A criatura que o carregou pelo caminho, começou a gesticular e a emitir sons grotescos enquanto apontava para ele. Os outros então voltaram seu olhar pra ele e suas bocas rosnavam ... era um som ensurdecedor. Glauco levou as mãos aos ouvidos e olhou atrás do ser que se comunicava com os outros. E atrás, acima dele , havia um monte , e em cima desse monte havia algo surpreendente : um disco voador. Era mais ou menos do tamanho de um daqueles barcos de pesca grandes que atravessavam o Rio Amazonas com frequência. Glauco, homem simples que era, nunca acreditou que algo assim existisse, e achava que os filmes e programas que passavam na televisão falando sobre isso, eram pura besteira. Mas agora, vendo aquilo na frente dele, ele tinha certeza que, seja la o que aquelas criaturas fossem, não eram do nosso planeta. E seja de onde aquela espaçonave veio, ela causou mudanças permanentes na fauna daquela região.
Então, dispostas a vingar seu semelhante morto, elas o cercaram, de tal forma que não havia como ele fugir ... ele sabia que não havia muito o que fazer, então fechou seus olhos e aceitou o seu fim. Mas os abriu de novo, quando as criaturas arrancaram seus membros e cada uma devorou um, depois foi a vez de dividirem suas tripas e seus genitais, enquanto ele agonizava ainda vivo. Ate que uma veio e arrancou seu coração e então a sua vida se apagou, como tantas outras vítimas do Mapinguari, ou melhor, dos Mapinguaris ... talvez Glauco tenha sido o único que matou um deles e que teve a oportunidade de vê-los todos juntos, e descobrir sua real origem, que eles vieram do escuro entre as estrelas... o que provavelmente nenhum outro ser humano jamais saberá .
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