Os Loucos Também Rezam- O Veterano do Pecado

 

 


 

 Tem dia que eu acordo com vontade de cuspir no espelho,
me ver todo torto, borrado,
como se a vida tivesse me pintado bêbado.
E pintou.

Sou filho da noite e afilhado do caos,
me batizei com conhaque e palavrão,
rezei meus pecados no colo das putas,
e me confessei pros santos quebrados da esquina.

Meu peito?
É um tamborim desafinado,
toca samba com saudade,
bate rock com raiva.

Eu quero tudo,
o amor mais sujo,
a flor mais bonita,
a dor mais honesta.
E quero agora,
porque o tempo tem cara de traidor.

Já amei gente que me matou devagar,
beijei bocas que tinham gosto de adeus,
e sorri...
porque no fundo eu gosto do drama,
do exagero,
da lágrima que cai no meio do riso.

A morte?
Ah, essa vadia me manda bilhetes às vezes.
Mas eu ignoro.
Respondo com um verso, um grito, um gole.
Ainda tenho música demais pra morrer calado.

E se um dia eu sumir no meio de um refrão,
não chore.
Acenda um cigarro,
E grite meu nome ao vento,
e diga:
"Os loucos também rezam."

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