Mundo Novo- Rodrigo Leonardi

 



O reflexo de minha face estampa a água corrente daquele rio. Estava à beira do lago, tranquilo, pensando que talvez seria um erro se não pulasse. As coisas vinham a se tornar mais difíceis depois de tantas mortes, pela praga que assolava a humanidade. Deparo-me com uma ansiedade maldita, com ruídos atormentadores em minha mente. Certifico-me de que as coisas não vão lá muito bem.

Como poderia ir?

De certo modo, esse mundo não é mais o mesmo.

Acredito que estamos em meio a uma mudança global catastrófica. Medo e delírio talvez façam parte desse inadiável novo mundo.

Nosso futuro, não foi o que imaginamos, com carros voadores e nem dividindo nossas vidas com robôs. Nosso apocalipse não foi pela falta de petróleo, pela falta de água, pela falta de pudor. Foi apenas pela incompreensão e comodidade.

Ainda me deparo com meu rosto refletindo sobre a água limpa desse rio.

De maneira alguma iria pular. Talvez pulasse, mas não. Precisava terminar algumas coisas ainda. Precisava argumentar e questionar

               Os dias sórdidos, letárgicos no qual vivia iriam ser eternos.

A vida está chata. As pessoas regrediram trinta, talvez quarenta anos. Conservadores estão em alta. Quem diria meus caros, depois de tanto tempo, tantas lutas, tantas barreiras quebradas conseguimos voltar ao primitivo. Com o mundo globalizado, ainda caímos nos contos do livro que alguns chamam de ``sagrado``.

Vou ficar aqui mais um tempo, olhando para a leve corrente que determina a direção das águas nesse rio.

Acabarei meu cigarro.

Talvez beba algo a noite... talvez consiga me entorpecer mais uma vez.

E o que me resta, nesse mundo novo...



 

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